27.12.13

perdas e ganhos

perde-se
o sono
o relógio
a pessoa
a palavra
 
memórias inflamáveis
impulsos flexíveis
manias tradicionalistas
teimosia cotidiana
destinos incertos


[...]

é quando você percebe que a distância em si é muito maior, ela aumenta diariamente.
o que sobrou eram apenas imagens. histórias salvas em uma pasta antiga:
que podemos olhar, lembrar, emocionar-se... dá saudade... mas nunca voltarão a ser o que era antes. aceite.
aquilo que já foi quebrado, por mais que tentamos reconsertar, as suas rachaduras lá permanecerão.
por vezes somem as peças que melhor encaixavam-se, tipo um quebra-cabeça com peças faltantes.
resultam em buracos, jogos pela metade. ninguém sai ganhando. acabou a partida.

do que adianta querer julgar-nos, principalmente o outro? é válido repensarmos... analisar, questionar...
na verdade, é preciso nos desprender de pré conclusões. nem todo herói é bom, como nem todo vilão é ruim.
desisto de acreditar na moral do certo e errado, do bem ou do mal, do bonito ou feio, feliz ou triste.
santo ou demônio. pura ou puta. é tudo relativo, é tudo interligado e concomitante, ou até mesmo inexistente.
com o passar do tempo o hibridismo toma lugar de quaisquer crítica radical: chega de extremismos.
se tiver mesmo vontade, o faça. encaremos nossos erros, talvez são eles que nos façam gente, que nos faz forte.
auto-ajudas a parte: a realidade me parece cada vez mais complexa, aliás, mutável, moldável.

nos criam ao mundo para aprender a andar com nossas próprias pernas. teoricamente - como obviamente.
cabe a nós usá-las com sabedoria e liberdade. para isso - quem sou eu para ditar regras (se é que elas existem), ao menos soltemos nossas amarras para sair correndo! antes que seja tarde!

18.12.13

estranha vazia

acordou atordoada:
abafada e seca. ôca. sem sentido.

como se qualquer sentimento fosse inexistente
não conseguia abraçar nem ficar mais parada
sai andando sem explicar o que passa em sua mente
discussões pela metade
ela sempre está precisando voltar, mesmo sabendo que o melhor era esperar, prolongar a distância do sofrimento.

não sabe decidir aonde ir. mas seguia o seu caminho intuitivo.
deixou o amor ir embora novamente.
olhou pra trás, segurou o choro, o sorriso, virou o rosto.
voltou para buscá-lo: ele já foi. entrou no primeiro trem e sumiu.

dizem que quando a sua casa é incômoda, seja como for, já é o único e o maior motivo para querer fugir.
o lar parece inseguro. o tanto parece apenas acúmulo inútil.

é desajeitada, engraçada, sem noção. sem razão.
perde os assuntos, invade conversas inventadas e saí no meio da roda sem se despedir.
odeia tarefas domésticas.

a porta escancarada, trancou-se.
faz por obrigação.
está dolorida por dentro mesmo sem nada dizer.

a esperança está na paciência. reticência eterna.
inacabada,
está.

5.12.13

qualquer coisa - qualquer tudo

brindemos ! é fim de ano.


o presente:
o passado distante
o futuro inconstante

são des-uniões cotidianas
a cada andar : um passo a frente e outro descompassado pra trás.
ainda assim apertando o passo até chegar ao destino incerto.


tentei negar que iria te ver
tentei continuar uma longa história quebradiça
tentei escrever sobre meu trabalho acadêmico
tentei agradar meus pais que tudo vai ficar bem
na verdade
não há
não está
não estou aqui, nem lá


contradições do querer
do gostar
amar uma ilusão
a poesia
ah, poesia...
me eleva e me leva

sim... sem... som...

quem me navega são as águas - do instinto... do instante...
deixei que o desconhecido entrasse dentro de minhas entranhas:
foi quando mais me senti íntima.
pareciamos irmãos desconectados há mil anos atrás,
nos amávamos como se fossemos nos desligar amanhã novamente.

me desliguei. fiquei só, por orgulho.
por querer sentir a solitude e o vento exterior.
virá, será, serei o que eu quiser.
sua alma é heterogênea, alguém me disse...
sou dissimilar, distuante, diferente. a mesma qualquer - todas em uma.
ninguém: a procura: reflexo de mim. sigo e sugo meu próprio sangue.
estranho e estando neste corpo, copo cheio de ar.
sinto a imensidão: consciência.
deixo a porta entre-aberta. metade de in-certeza com meias luzes enigmáticas.
até mais ver, te vejo em breve, já decorei nossos rituais, a saída sempre é brusca.
a sublime vontade de voltar e fugir ao mesmo tempo.
me vou, me sou, ser-me-ei mesmo sem entender, já dizia minha querida Clarice.
permaneço com os barulhos indefinidos, com relógios sem ponteiros, que me fixam com grandes olhos de curiosidade. nada mudou.

27.10.13

deixa-me:
só.
ser. es: crê-ver.









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 espaços em branco.
com um pouco de chuva de verão, acorda de madrugada. atordoada, continua a sua pesquisa ao meio ao nada.
desativa redes que tanto a perturbam, viciosos ciclos que devem ser drasticamente quebrados.
não me segure mais por favor. meus ouvidos pulsaram e disseram pra mim o que devo deixar de lado.
nada mais a prende.
nem virtual, nem real. suas relações agora são consigo mesma. ela e sua inconstância des-criativa.
 


siga :  ins
tinto
entintado cor ação
foi - se
embora

o meio como ponto zero para o recomeço .




7.10.13

despir-se em limbos
in segura-te

até cair
a
son h a r

 

- relacionar - se

por mais cliché tal metáfora: a vida prega peças em nós mesmos.
de cena em cena, o drama culposo sempre é a parte maior e mais profunda.
o romantismo falho, de impulsos tão pecaminosos quanto importantes.
sim, tentamos ao máximo sentir o momento, em demasia, alegria passageira.
se esvai junto as águas excretadas por nosso corpo, reflexo do álcool. da fumaça.
suor que evapora e desaparece com o vento, levam embora os sorrisos ingênuos.

o que escorre por todo esse desaguar, são lágrimas.
ácidas, doloridas, incham os olhos e desesperam a alma.
ansiedade, angustia, agonia. três amigas inseparáveis: que se apunhalam, em frente as verdades alheias.
não conseguem guardar segredos, não conseguem ficar em paz: o desespero toma o lugar rapidamente.

arrependimentos, cansaço... desmaio repentino. agora, chega.
de que valem sentires puros, intensos, enérgicos, se por deslizes tudo desmorona em si.
destroça seu coração em estilhaços. perfuram sua lucidez.
os anos passam e as histórias se repetem, está na hora de desviar as nascentes cíclicas do rio.

são laços enosados, antiquados, apertados... tão díficil desfazer estes nós, tão dificil desfazer-te...
mentiras, omissões ilusórias, falsas esperanças... é preciso cortá-las com força, as bordas já estragaram.
vá em frente: queime este enlaçar. jogue fora.

parece ser preciso acontecer da pior forma, pois é preciso drásticos pesos para retirar essas pedras de cima da terra.
até, quem sabe um dia, sentir a leveza das plumas de outros campos...
será? me pergunto por que a guerra sempre leva a vantagem? a felicidades perpassa por pouco...
e a subjetividade aonde ficou?
o sofrimento é uma bela desculpa para o amadurecimento - e para a loucura.

mas, aquela dualidade, me persegue. paradoxo em que quase sempre me des-encontro.
é sempre uma decisão entre o céu e o inferno. fogo e a água. opostos que já não conseguem mais conciliar,
se desgatam, se matam, se anulam.

de amigo a inimigo em alguns minutos...
do amor ao ódio em apenas uma frase.

não preciso mais de você.

23.9.13

desconcretudes em grãos desconexos

em p    ó    ou cas pala
vras -diz c omo s olh
os ago
ra-á gora
e
u
q ue
bra diço.
dolor ida
vol tar
ex ter
ior es
a lu g ares es péci es
nã o s   o  u
ar repen der
seg ure
ore a
res
pir
e
n
o
v
a
m
e
n
t
e

.
.
.
es tá
  \tu
do - bem.
o tem
po ra l
curaedura
estala-instala
mach uca
at ura
desa
rruma
ru mo
se m
fimsen
tir
se ja
foi
ser
á.
acab
ar.eia

31.8.13

a sua hora vai chegar - questionamentos acerca do horário biológico

quem sabe seja um distúrbio genético
essa incessante falta de atenção
o constante perder para com o horário preciso.
dessa desculpa recorrente com o pessoal atraso.
se tornou uma parte de sua personalidade, infelizmente, já deixou de ser um charme.
pra que tanta precisão? pontualidade é sinônimo de importância?
pra muitos sim. sempre foi. principalmente em questões profissionais.
sempre terá um prazo específico esperando por você. até a data final.
até a linha da morte (a  famosa "deadline") a linha que está sempre por um fio.
até rasgar-se,  para esfregar na sua cara o quão irresponsável tu és.
aos que cumprem as datas: são bem vistos, são elogiados com antecedencia,
são pessoas confiáveis. invejáveis. quisera o relógio nunca ter existido!
talvez seria uma bela forma de nos tornarmos mais flexíveis e menos ansiosos.
- que horas são? - já!? - ainda...

ah, deixa pra lá, já foi. ja era. o ponteiro dá voltas iguais todos os dias.
o tempo cura tanto quanto te esmaga.
a sua hora - pontual - um dia vai chegar... espero.
ela sempre chegou em cima da hora, correndo contra o próprio tempo.
atrasada, mas presente de si : quer mostrar a todo custo que ela está lá.
aonde? quando?
...cada um precisa de seu tempo interior... mesmo que fusos ou difusos...
horários de verão, inverno, primavera, outono...

mas a vida, ah piegas vida, ela nunca te esperou.
os números respondem e entristecem-se. a competição mundana prova cada vez mais que tempo é dinheiro: sem ele, essa sociedade mediocre nunca existiria.
estamos falando de trabalho. agora, sem trabalhar...
é, acho que deveria estar bem longe daqui.
quem sabe um dia...
me espere, por favor.

30.8.13

fluir e ficar: retificações

o que resta?
dessa toda tecnologia tamanha
e o que resta-me, desses anos passados...
rasurados.

o que resta de ti? em mim, o resto de vida.
do resto que vejo, que sinto, que sou.
restantes, registros, resquícios, resgate de sonhares distantes...
esquecidos. relíquias reutilizáveis.

respostas que demoram e que não são reais antes e agora, perduram mentalmente depois.
repito: são restos... revividos.
repense.
renove até enfim completar-se ao dez. mil. vezes. retórica e representativa.
-respire-



reescreva:




retire-se.

27.7.13


salve como puder
guarde me em sua memória.
eu sei eu sei eu sei.
yo se yo se
i don't know u're so strange


o rémedio melhorou sua respiração. ansietude. nada restou além de teclas.
dores musculares. mal-jeito. desajeitada, aprende. escuta. des-confia.
detalhismos. chave de segredos abertos.
sons que fazem refletir, resignificar. ..
anjos sonoros. emocionam-te.
olhares esbranquiçados. embaçam a vista. mudanças de humor e de tempo.
está muito dificil esperar pra te ver, meu amor. te juro. até quando. até onde.
atônita. respiro e desvio o pensamento.
falo em sumir, te deixo chateado. sei que esse momento de estar em outro lugar vai chegar, me desculpe.
por mais que não consiga descansar tranquilamente ou facilmente,
depois de tantos movimentos bruscos, chorosos, quebradiços... aquelas palavras em tua boca com um meio sorriso,  é sincero. ainda te quero assim, sem entender o porque. por que brigamos e rimos em uma mesma frase...
já me afastei de outros amores vadios. passagens sem volta, que me levam para lugares que me sinto péssima posteriormente. você me dá um ânimo estranho, forte por dentro. é um gosto familiar. intensidade versus distancia. ultimamente o dever pela independência é mais forte do que nós.
no fundo estamos distantes sim, nossos quereres são diversos. não posso pedir que mude o seu jeito de ser. sei que sempre pensei poder mudá-lo... porém no fim das contas, cada um capta o que não tem de si mesmo.
se encaixam pelas indiferenças, pelos vazios a serem preenchidos.
oh assunto recorrente, falam tanto sobre o sentir, o ser amado as vezes parece pura obrigação.
obrigamo-nos a estarmos com alguém. talvez seja essa estranha obsessão que nos coloca  lado a lado.
já estou cansada de dividir a vida com as mesmas pessoas, está ficando insuportável esse apartamento antiquado.
por que será que o meu íntimo parece sempre contrário, recluso, desanimador aos olhos conservadores.
me dá enjôo esse cheiro de comida fraternal. esse barulho de prato, de passos, de gente que eu não quero conversar mais, são conversas pela metade. demonstro quando não estou bem de fato, na verdade parece que eles nem suspeitam essa palpitação que guardo comigo. pareço desinteressante, chata. por vezes neuróticamente divertida. invertida.

inevitável. inefável. irremediável. são fases. ainda que cômodas em certos cômodos: é incômoda ficar nesta áspera situação. são tantos textos soltos por aí... deixe então que fluam junto com meu corpo vagante. errante e atordoante a existir. in cessante. in finito. a reluzir...


19.7.13

passarinhos - e os outros que passaram por lá

já não escrevia aqui,
visto como algo inútil e egoísta.
prefiria algo culturalmente amplo, dizia.
fazer mais pela sociedade talvez...
assim como...comer. supostamente de forma mais saudável e correta,
mesmo sem conseguir cozinhar direito o próprio prato.
feito fingir ser parte de uma legião alternativa. que mal existia ao seu lado de fato.
tentava viver loucamente, sabe-se lá como, pura ilusão?
deixou aquelas idéias mutantes de lado por enquanto.
voltou a antiga rotina de outro jeito, mas pelos mesmos caminhos.
o namorado que sempre retoma. a conversa chata a beira da mesa de almoço e jantar.
o nervosismo, as críticas secas e amargas. a dúvida constante. a noção quase perdida daonde ir.
o esquecimento, a enrolação de si mesma e de todos ao redor.
o trabalho mediano, cansativo e mesquinho.
o lugar comum. a preguiça.
o amor pela arte, nada mais que um processo mental.


esperou novamente o vento:
a ventania levou a sua vontade para longe... o gêmeo contrário venceu a batalha.

vê, é um pássaro que quer sair do ninho, mas suas asas são tão pequenas, tadinho, que precisa sair correndo com suas próprias patinhas, e voltar para não morrer de frio.



20.5.13

-quebra [tema-]

temida: te muda, te manda.
te molda...  MODAMUDA

tenha: entenda. em ter a dor, em tendões, ter: tendinite.
sim, entendi. entendido a intenção ruim: que persiste.



(penso assim sem querer
afasto por assim dizer)



dr-ama

danço meio na timidez, embriagada...
critíco teus passos, ao redor percebo.
bebo tua saliva, já sei do teu gosto de cór.
já sei de nossa história de olhos fechados, de tanto contar aos outros, ao tempo, a vida...
intento, insistente ardor.. que assopra meu sono,
assopra meu sono. assombra minha solidão.
perpassa meu corpo. imensidão.

essa tal vez

é tarde. sem alarde.
tardo a querer dormir.
espaço,
deixo por um triz. deixo a fresta,
deixo te enervar...
deixa saudade, cicatriz.
rima que se esvai, nos não sorrisos alheios.
nuvem que desfaz. nos ventos cortantes.
instante que te esquenta, aquece.
te esquece...
colocado na gaveta de sonhos inacabados.


2.4.13

no branco esvaziado conceitual

eu vou eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou  eu vou 
vou,
vôou.
voar ei.

12.3.13

-enfeite-

tento tanto tudo.
todo, toda
concretude:
nada, fato em feto ficou, (des) feito.

31.1.13

des-ritmar


 somos momentos embaralhados...
se recordam.
nos refaz.
cada um resgata um pouco,
um todo quando junto,
somos grupos separados,
que nos interligam em um.
em uma: colcha de retalhos.

28.1.13

a cor de um domingo

o gosto do silêncio agudo:
qual a diferença entre solitude e solidão, pensou.
na insignificância defronte o apartamento, inútil imensidão.

um imóvel nebuloso, nublado, esvaziado.
na preguiça espreguiçada, pesou.

aguardando na inocência
do velho e sincero relacionamento
dormindo permanece o resto do dia
agonia em forma de sorriso
[...]
percebe que de tudo se afastou
está em modo de espera
afirmações de um lento mês:
já passou sua hora de ir,
vá embora.

22.1.13

imagens ao devir

intento que esvai e revolta.
deveria, deveras. excremento.
que devora: que dentro remoe-se.
demóle feito folha seca no cimento.
anda avoada. amassada. fugídia.
caminha no meio ao esquecimento...
esquece o que ia dizer
esqueceu o que passou
arrependeu por pouco
novamente é:
atropelada em palavras-pensamento.
deixou morrer.



escorrer.
para secar com o tempo.
corrosão.

na prática,
somos geradores. campos de energias.
refletida-usada-submetida-trabalhada
.
 .
   .
ação!

7.1.13

-segura-
se-
solte.

.
os nós.
.

até onde vai nosso limite
da loucura, demencia que tortura
soltura

:


pois quando molhar-se em águas cristalinas...
reavivar seu corpo em movimento que ardia,
subirá em colinas para demonstrar o seu momento.
mistura tardia chamada maturidade,
naturalidade que irradia.